quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Cansaço

Desabafo no traço
Enquanto não me refaço
Estilhaço a cada passo
Meu coração em pedaços
Mas sou de aço

Sobre a dor

Cada pedaço da minha carne sente uma dor que não existe
Existia uma analgesia fantasma que me deixava inebriada
Ludibriada
Sonhos vividos
Todos os meus mais profundos desejos realizados mesmo os que eu não admitia para mim mesma
Foi bom me conhecer assim
Querendo um lar que não tive
Querendo uma gravidez amavel que nao tive
Querendo ser aceita como nunca fui
Querendo ser entendida como nunca aconteceu
Acreditando existir alguem como eu nesse mundo
Mas a ilusão se desfez
Nao há coragem
Não ha porto seguro
Não ha futuro
São só falácias
Fugas instantâneas em mensagens amorosas
Enganando-nos a nós mesmos
Porque viver doi e eu só queria fugir
E achei você
E acreditei que finalmente ia construir meu castelo nas nuvens
Entao choveu e as nuvens se tornaram as lágrimas no céu do meu rosto
Pois pra você era só poesia
Palavras no papel
Pra mim era rebeldia
Romper com o q me prende
Não tive escolha
Tive que ir
Sangrando
Mas tive que ir
Porque eu preciso viver em beleza e não em palavras


Sobre ausências e presenças

Hoje eu sentei no velho banco.
Ontem fiz uma escolha difícil.
Não há mais palavras trocadas, nem risos bobos e fotos carinhosas.
Só existe um vazio.
Incomum.
Pois é confortável apesar da dor.
Eu li em algum lugar que muitas vezes doi mais segurar algo por muito tempo do que deixar ir.
Sinto a ausência do que nunca foi presente.
E sinto o presente que é estar na minha própria presença.
Acolhendo a dor da partida, cuidando dela, transformando a expectativa impossível em um caminho viável de cura.
É lindo sonhar com o mundo, mas para vivê-lo é preciso escolher o agora. É preciso querer e fazer a escolha de tornar real o sonho.
Não há mais o desabafo com o outro, o apoio mútuo.
Existe a certeza de me acolher sozinha.
Dos sonhos plantados, aquele que realmente quero colher é a reciprocidade nem que ela seja de mim pra mim mesma.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Alucinação

Insone grito seu nome
Eco de vozes na escuridão
Despertos fantasmas consomem meu chão
Não há lugar seguro
Todo choro é vulcão
Buscando refúgio em palavras que implodem
E só fodem mais a construção
Derretendo paredes de máscaras
Dissolvendo medos e egos
A ausência destrutiva é cama
A pessoa deitada é solidão.

Sertão

Não há o que beber
Não há água na fonte
Nem lago que transborde
Nem brisa do mar que desconte
Há só a ausência seca
Arranhando goela adentro
Enquanto imploro sedenta
Pela chuva que me refaço

Serenidade

Serenidade é as coisas acontecerem no tempo certo, do jeito certo, sem esforço algum.
É estar com preguiça de tentar, de correr atrás, de mudar e mesmo assim as coisas se encaminharem e acontecerem.

Serenidade é ver aquilo que tanto te preocupa e tanto te angustia se transformar em um passarinho voando e dar lugar a uma sensação de paz.

Serenidade é não se preocupar com o amanhã, é não se preocupar com o depois, é não se preocupar com o que os outros querem ou pensam de você.

Serenidade é o meu nome agora.


Fogo na água

Mesmo a intensidade mais incandescente
Sucumbe tamanha pressão
Imerso não há ar que sustente
molhada combustão
Perde‐se o desejo em lágrimas torrentes
Esfria corpo nu em abandonada ilusão
Afundando, não há palavra que esquente
Nada se ouve mergulhado na solidão
Sufoca sofejos, ansejos e beijos ausentes
Engole delírios, suspiros, perdão
Do que poderia ter sido futuro presente
Sobrou fogado pavio coração.